
O encontro entre os países do continente, realizado em Trinidad e Tobago no último final de semana foi um grande encontro de compadres. Os países da América do Sul impuseram suas posições e desafiaram as posições dos EUA, cujo presidente, Barack Obama, fez um aceno para mudanças nas relações de seu país com a Cuba de Raul Castro.
Cristina Kirshner e Daniel Ortega, presidentes da Argentina e Nicarágua, respectivamente, se manifestaram contrários ao embargo comercial americano imposto à ilha desde 1962.
Obama sinalizou para um diálogo com a ilha de Fidel Castro, porém apontou que a libertação dos presos políticos e o reestabelecimento da democracia são princípios básicos exigidos pelos EUA para qualquer aproximação.
Senhores, aí já está sinalizado que nada irá acontecer favorecendo uma aproximação entre EUA e Cuba visto que os estadunidenses não abrem mão de suas características imperialistas. Ao se referir a Cuba como sendo uma ilha ditatorial, mais uma vez os americanos usaram os argumentos dos tempos da Guerra Fria, onde os EUA se consideravam (consideram?) os paladinos da democracia e os defensores da liberdade, enquanto que os outros governos, ou melhor, os que lhe fazem oposição, e buscam novas alternativas de governança, são inimigos em potencial a serem isolados/eliminados de alguma forma.
Obama tem em suas mãos a possibilidade de mudar a política internacional dos EUA e o modo da superpotência se relacionar com o mundo. Todavia, o líder americano terá que fazer um verdadeiro malabarismo para alcançar uma harmonia nas relações internacionais e, de quebra, não perder popularidade junto à opinião pública americana.
Tarefa árdua e que, no contexto atual, onde o partido democrata retorna ao poder após 8 anos de dominio republicano, é provavel que as relações internacionais sofram alterações bastante modestas.
A cúpula não obteve êxito nem chegou a uma conclusão sobre qual será a política de cooperação entre as nações americanas para combater a crise internacional e impedir a desaceleração das economias. O que podemos dizer, com segurança, que o encontro foi um fracasso.
Mas chamou muita a atenção o encontro entre Chávez e Obama. O presidente venezuelano, que há muito vem se consolidando como uma forte liderança na América do Sul, ao se encontrar com Obama, a quem já fez severas críticas, estendeu-lhe a mão em sinal de amizade e na direção de uma relação mais harmônica entre Venezuela e EUA.
No segundo dia de encontro, Chávez deu de presente para Obama o livro As veias abertas da América Latina, do escritor uruguaio Eduardo Galeano. Um sinal de que Chavez pode perder a compostura, mas, jamais, a pose.